domingo, 24 de julho de 2011

Do outro lado da fronteira - Escrito por Cecília Pereira e Jéssica Manhães. pt. VIII

PARTE VIII:

Mudanças:

Já fazia duas semanas que Hermes estava naquela cidade, o ar era seco, às noites desertas e muito escuras, ouviam-se coiotes lá fora.
Hermes já falhara em sua primeira tentativa de ultrapassar a fronteira, ele e seus companheiros de viagem não conseguiram na primeira vez, mas todos estavam decididos a não desistir. Para Hermes, era uma questão de honra, por ter prometido a Sualinda, e também era uma questão de sobrevivência, sem Sualinda, Hermes não via motivos para existir.



Cristóvão estava diferente, agora não queria saber apenas de noitadas, nem pensava mais em voltar tão depressa para a sua Faculdade, pensava apenas em se dedicar ao seu estágio, e se aprimorar melhor com sua futura carreira. Pensava também, muitas vezes na morte de Guadalupe, que se encontrava em suas mãos naquele hospital. Automaticamente, Sualinda vinha em sua mente, ao pensar que ela havia perdido sua avó por falta de competência sua, com raiva não sabia mais o que sentia: se era apenas compaixão, pena, mas ela mexia com ele... Só sabia que havia mudado, como todos naquela casa. O que Cristóvão não sabia é que  estava sempre presente nos pensamentos de Sualinda ,que andavam divididos, em muitas partes, como em sua avó, em seu noivo que não dava mais notícias, e em Cristóvão.

- Sim, claro, claro que eu aceito essa proposta de primeira? O que? Perguntar a minha família? Pra quê? Todos vão gostar muito de saber que consegui uma proposta tão boa! Sim, eu sei que é longe, que terei que ficar longe de todos por um tempo, mas isso será para o bem de todos nós. Claro, claro. Obrigado, e vejo vocês amanhã para assinar os papéis!
- Deodoro posso entrar? – Perguntou Glória, após uma delicada batida à porta do escritório de seu marido.
- Pode sim, meu amor.
- Com quem falava ao telefone, querido?
- Era do meu emprego, acabei de receber uma proposta irrecusável, mas para isso terei que fazer uma viagem ao Canadá de no mínimo alguns meses, depois de assinar os documentos, a viagem será marcada para uma semana depois.
- Nossa, mas como ficará a escola das crianças, não podemos sair viajando assim, sem pensar nas coisas...
- Não amor, você não entendeu, a viagem seria apenas para mim, minha família continuaria aqui.


- Posso entrar? – perguntou Sualinda após bater à porta do quarto de Cristóvão.
- Pode sim. – Respondeu Cristóvão, que se encontrava malhando como de hábito no seu final de dia, ele estava suado e sem camisa.
- Sua mãe pediu para vir avisar que o jantar já está pronto, parece-me que o Sr Deodoro tem algo muito importante para dizer a família... –  Anunciou Sualinda, com a cabeça abaixada.
- Linda... Posso te chamar assim? Bom, há algum tempo que eu venho querendo falar com você, falar que eu digo não é apenas “bom dia”, “obrigado”... Queria conversar com você...
- Poderia ficar para outra hora, Sr Cristóvão? É que tenho muitas coisas para fazer ainda e...
- Sualinda, você gostaria de se casar comigo?

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